Necessidade de qualificação profissional em áreas estratégicas

O mercado de trabalho do profissional na área das Ciências Animais vem demandando profissionais cada vez mais qualificados. Trata-se de um mercado altamente competitivo e que vem buscando atender a exigências crescentes do consumidor final, seja no mercado interno ou externo.  O presente curso de pós-graduação se propõe a qualificar profissionais para atuarem em Produção e Reprodução Animal, áreas estratégicas para o desenvolvimento sócio-econômico do País.

A população mundial, que atualmente é de cerca de 5 bilhões de habitantes, dobrou desde 1950 e, de acordo com previsões atuais, é de se esperar que dobre novamente pelo ano de 2025, estabilizando-se em um patamar mais alto pelo ano de 2100. Esta estabilização já está começando a ocorrer em países do primeiro mundo, de forma que o aumento da população deverá ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento, que serão, inevitavelmente, obrigados a aumentar a produção de alimentos.

Animais de regiões temperadas são, em geral, mais produtivos que os de zonas tropicais e adaptam-se rapidamente a um novo ambiente, dentro de regiões temperadas (Hodges, 1990). Animais dos trópicos possuem baixa produtividade e seu uso nas sociedades tradicionais era diferente do atual, pois a sociedade passou a atuar em uma economia de mercado. O aspecto mais importante em relação aos animais adaptados aos trópicos é a sobrevivência em condições difíceis, devido às doenças e falta ou baixa qualidade de alimentos.  Um dos objetivos mais importantes na importação de animais de regiões temperadas para os trópicos é a utilização destes em cruzamentos (FAO, 1987).

A produção também pode variar em função da raça.  Inicialmente as diferenças foram atribuídas à ação de parasitas (Miller & Monge, 1946), entretanto, com o aumento do controle dos parasitas pelo uso de drogas, tornou-se mais evidente que as diferenças em produtividade estavam associadas a diferenças fisiológicas relacionadas à habilidade de suportar altas temperaturas.  O incremento da produtividade pode ser alcançado através da melhor alimentação, melhor manejo da reprodução e estudos de fisiologia de adaptação (Moule, 1956; Galina & Arthur, 1989).

   Para decidir o quão adaptado ao calor é um animal, podem ser usados parâmetros de "adaptabilidade fisiológica" os quais caracterizam a tolerância do animal às mudanças de temperatura ou de "adaptabilidade do desempenho" que medem mudanças na "performance" dos animais.  O desempenho é freqüentemente usado como uma expressão primária da adaptação.

O estabelecimento de um sistema de criação economicamente viável em determinada região requer a escolha de raças ou variedades que sejam adequadas às condições ambientais locais.  Um tema comum para muitos argumentos para conservação genética é a resistência a doenças, porque esta afeta a conservação de várias maneiras.  A resistência a doenças é concebida como um dos desafios futuros para genética e manejo animal, com soluções genéticas para muitos problemas atuais e futuros presentes em populações existentes.  Raças ou populações requerendo conservação são freqüentemente as que têm grande variabilidade de adaptação para doenças ou para ambientes inóspitos.  Um segundo tópico ligando a resistência a enfermidades e conservação é o risco de doenças para a integridade de populações pequenas ou em risco de extinção, e também para estratégias de melhoramento existentes.  O tamanho da população, individualmente, é um risco, especificamente quando se consideram doenças às quais a população não é resistente.  Uma terceira questão é a relação existente entre a resistência a doenças (ou adaptação ambiental) e produtividade. Em condições extremas, associadas com populações ameaçadas, existe freqüentemente uma confusão de produtividade e resistência a doenças/desafios ambientais.

Nesse contexto, cabe realçar o potencial relevante da Região Centro Oeste (CO), sobretudo em relação à integração latino-americana, que exige esforços explícitos para criação de condições efetivas, sem as quais a posição geopolítica do Centro Oeste, por si só, não concretizará o aproveitamento pleno do seu potencial.  Alguns fatores estruturais importantes, como a proximidade geográfica do CO e os investimentos em infra-estrutura, podem permitir à Região vantagens significativas no processo de trocas, sobretudo com os países membros do Mercosul e demais vizinhos.

Desenvolvimento marcante se verificou na bovinocultura de corte, graças à implantação de pastagens apropriadas às condições locais, à reforma de pastagens – devido ao envelhecimento da cultura e à degradação dos solos – ao melhoramento genético do rebanho e às novas técnicas de manejo de solo, plantas e animais. As oportunidades de investimentos rentáveis nesses setores induziram e alavancaram o crescimento da produção, principalmente, o agro-industrial. Empresas como Sadia, Ceval, Aurora, Perdigão, Arisco, Friboi, Caramuru, Itambé e outras grandes implantaram plantas industriais na Região.

Caracterizada, inicialmente, como exportadora de rebanhos de corte, a produção da Região evoluiu para o abate local, a cultura de grãos e, mais recentemente, o processamento primário de produtos agrícolas. Saliente-se, aqui, que esse processo constitui uma reprodução do modelo de desenvolvimento brasileiro largamente aplicado, tendo como lógica que da dinâmica do setor produtor/exportador decorre os desenvolvimentos locais.

A tecnologia de produção buscando ganhos de produtividade e agregação de valor para os clientes (carne orgânica, produtos naturais e outros) tem papel importante. Gerir o desenvolvimento e a divulgação dessas tecnologias é tarefa das mais importantes para garantir o sucesso dos diversos ramos. Esse papel vem sendo tradicionalmente desempenhado pela Embrapa (Centros: Gado de Corte, Pantanal, Oeste, Arroz e Feijão, Cerrados e Cenagen) que tem sido bem sucedida no desenvolvimento e na divulgação do seu trabalho, mas não tem o papel de formador de recursos humanos para a pesquisa.  O uso das tecnologias no controle de problemas de saúde animal, implica contribuição para a economia brasileira em pelo menos R$ 1 bilhão, anualmente.

À medida que a tecnologia vai sofisticando nas atividades do agronegócio, vão se criando problemas de ordem gerencial cada vez mais complexos que exigem soluções apropriadas para cada cadeia. A comercialização é uma das questões chave do agronegócio. Os mercados físicos à vista, apesar de importantes, cederam espaço para os mercados futuros (praticados nas bolsas de mercadorias e futuros) hoje muito mais significativos que os primeiros, pela sua importância na formação de preços, redução de riscos e redução da assimetria da informação. A logística envolvida na produção e comercialização de produtos agrícolas é muito complexa a ponto de exigir, literalmente no mundo todo, a intervenção de governos para o seu equacionamento racional.

Estas questões merecem análise, acompanhamento e estudo com profundidade e rigor acadêmico. Um programa de pós-graduação em agronegócios é o palco ideal para este fim.

A exemplo da agricultura, a pecuária registra um crescimento espetacular. De 1990 a 2003, a produção de carne bovina aumentou 85,2% - ou 6,1% ao ano -, passando de 4,1 milhões para 7,6 milhões de toneladas. Nesse período, a suinocultura cresceu 173,3%, ou 12,4% ao ano. A produção de carne suína saltou de 1 milhão para 2,87 milhões de toneladas. O complexo carnes, que inclui outros tipos do produto, também investe em pesquisa, por intermédio do melhoramento genético, e na certificação de origem do produto. Tudo para oferecer aos consumidores alimentos seguros e de alta qualidade, como o chamado "boi verde", um animal alimentado apenas com pastagem, muito diferente dos sistemas mantidos em outros países produtores.

Dono do maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil tem mais de 83% das suas 183 milhões de cabeças em áreas livres da febre aftosa, uma doença altamente contagiosa e economicamente devastadora. O país também é considerado pelo Comitê Veterinário da União Européia como "área de risco desprezível" para a ocorrência do chamado mal da "vaca louca", a doença que dizimou populações inteiras na Europa e chegou recentemente ao continente americano.

Ao mesmo tempo, a maior parte do território brasileiro está livre de doenças como "Newcastle", que pode exterminar plantéis inteiros de frangos e até mesmo contagiar o homem, e a peste suína clássica, letal para animais jovens. O país também não registra qualquer caso de influenza aviária, a chamada "gripe do frango", um vírus altamente contagioso que tem infectado aves na Ásia, América do Norte e Europa. No setor avícola, o país é o segundo maior do mundo. Em suínos, tem a terceira maior população do globo.